Comprei dois ingressos com uma antecedência considerável para assistir Alice no país das maravilhas, legendado e em 3D. E chamei a pessoa mais sensata que conheço para me acompanhar.
Minha paixão pela história do Lewis não é recente. Gosto da Alice desde criança e até roubei os livros do Carroll na biblioteca da escola onde estudava quando tinha 8 anos de idade (sim, sou delinquente desde criança). O que eu sempre esperei foi ver uma super produção de Alice. Aconteceu agora, que já estou velha e rabugenta, mas fiquei empolgada. Um grande diretor, que inclusive sempre admirei, fez a versão dele.
O filme começou. Agradeci a Deus por não ter me embriagado antes do filme e foi só a Alice cair no buraco para eu ter a impressão de estar assistindo uma versão do Harry Potter fêmea. A impressão passou. Mas as decepções só aumentariam. Assisti o filme inteiro incomodada e aflita de ter que presenciar a tentativa desesperada, e frustrada, do Tim de apresentar diálogos ousados e engraçadinhos.
Me parece que o Burton quis fazer diferente, mas ficou com medo de ousar demais. Talvez tenha sido por isso que ele procurou a Disney, para dar equilíbrio à história e deixar tudo bem mais careta. Lições de moral batidas, piadinhas desconfortantes, um desperdício de talento. Nem Johnny Depp e suas múltiplas expressões faciais conseguiram salvar o filme. As imagens são lindas, uma viagem, impecáveis. Mas infelizmente o filme é só isso.
Fiquei decepcionada. Primeiro porque o filme conseguiu acabar de vez com a complexidade da obra do Lewis, e depois porque ouvi alguns dizendo por aí que a história em si que é cliché, por isso a impossibilidade de fazer um filme mais interessante.
Ignorâncias a parte, uma pena o Burton ter se lançado em um projeto tão foda e ter perdido a oportunidade de criar uma parada maravilhosa. O filme ficou extremante comercial e sem nenhum atrativo, além do 3D.
De repente o filme foi pensado para as crianças de oito anos.
Enfim, o filme é fraco.
Tão fraco quanto o texto que acabo de escrever.